quinta-feira, 19 de maio de 2016

Entrevista a José Pedro Pires da Costa

O cabo José Pedro Pires da Costa fará a sua despedida no próximo domingo e antes da mesma respondeu a algumas perguntas para o blog do Aposento da Moita.

1- O Aposento da Moita comemorou em 2015 os seus 40 anos, enquanto cabo do grupo achas que a temporada fez jus à importância dessa data?
Os 40 anos do grupo é de facto uma data marcante, sinto-me orgulhoso por isso e principalmente por poder comemorar esse aniversário estando no activo e como cabo.

A temporada não foi exactamente aquilo que desejávamos, é verdade, houve um grande esforço por parte do grupo para que a temporada fosse recheada de corridas e nas praças mais importantes do país tal como o GFA Aposento da Moita merecia, mas não foi assim que aconteceu, o número de corridas ficou aquém do planeado, devido a várias razões que não considero ser o momento ideal para falar delas.

Por outro lado e por outra perspectiva considero que o grupo dignificou os 40 anos do GFAAM, pois com a entrega, união, amizade, sentido de responsabilidade e disponibilidade total conseguimos obter actuações de grande nível nas corridas que realizámos, tal como a história do GFAAM assim o exige.

Quero também destacar nesta temporada a ida ao Canadá, inédito na história do grupo, e a ida às Sanjoaninas, na ilha Terceira – Açores que foi também uma corrida de destaque para a temporada dos 40 anos do GFA Aposento da Moita.

2- Qual consideras ter sido o momento mais marcante da temporada?
É sempre complicado escolher um momento mais marcante, porque nesta actividade todos os momentos são marcantes, é uma actividade muito intensa que não permite que qualquer acontecimento seja encarado de uma maneira leviana.

Mesmo assim não posso esconder que, como cabo, foi muito marcante e gratificante, o grupo ter pegado 6 toiros à primeira na corrida da feira de Setembro na Moita, facto inédito.

O grupo esteve muito bem, interiorizaram com perfeição aquilo que lhes pedi na fardação e tudo correu como sonhei, 6 toiros à primeira na nossa terra, terra exigente e com grande conhecimento taurino. Foi marcante no fim da corrida ouvir as bancadas chamarem o grupo no seu todo para receber uma ovação. Na minha opinião, um cabo, não pode querer mais do que isto no fim de uma corrida.

3- Na temporada transacta 4 elementos do grupo fizeram a sua despedida das arenas e em Maio será a tua vez. Como vês o grupo nesta fase de renovação?
É sempre triste ver elementos partirem, criamos grandes laços entre nós e nunca queremos que esses laços se percam. É óbvio que não se perdem mas há sempre esse receio.

O grupo de facto estava bastante fragilizado quando eu o assumi, o acidente do Nuno Carvalho tocou-nos a todos, a moral estava em baixo e a vontade de continuar a ser forcado não era, como é aceitável, a maior. Costumam dizer que “o tempo cura tudo”, penso que aqui se passou um bocado isso, óbvio que não foi só o tempo que recuperou os elementos do grupo, foi preciso um trabalho diário tanto da minha parte e dos elementos mais velhos, trabalho esse que consistiu na moralização do grupo, unir de novo os elementos, criar um ambiente agradável e saudável que fosse chamativo para gente nova, gente que tivesse vontade de ser forcado e de pertencer ao GFAAM. Assim foi, neste momento vejo um grupo saudável, com grande vontade, um espírito inacreditável, muito jovem é verdade, pouca experiência mas com grandes capacidades. Tenho a certeza que o Zé Maria com o decorrer das corridas vai conseguir ultrapassar essa falta de experiência e tenho muita fé em relação a vários forcados do grupo, penso que podem sair do GFAAM grandes forcados a nível nacional.

4- O teu sucessor na chefia do grupo será o José Maria Bettencourt. Se tivesses que destacar alguns pontos fortes do José Maria, quais seriam?
O José Maria foi a minha escolha desde o primeiro dia em que comecei a pensar na sucessão. O José Maria é um forcado que eu acompanhei desde o primeiro dia, vi-o crescer no grupo, acompanhei-o de muito perto, até porque sou “padrinho” dele no grupo. Conheci-o com 14 anos (idade com que ele entrou no grupo), hoje ele tem 23, há 10 anos que somos amigos, grandes amigos, posso dizê-lo com toda a certeza, isto para concluir que a minha escolha foi tomada com grande certeza e consciência pois conheço muito bem o Zé Maria.

Os seus pontos fortes que gostaria de destacar são a sua teimosia, sei que pode parecer um defeito e por vezes até o pode ser, mas vi a teimosia dele muitas vezes ser um ponto forte, é persistente, uma pessoa que pensa pela sua cabeça, gosta de aprender com os outros mas ser ele próprio a construir as suas ideias, não aceita as ideias pré-elaboradas.

Para além destes pontos fortes o Zé Maria é uma pessoa muito consensual dentro da família GFAAM, isto devido à sua personalidade, é uma pessoa humilde, simpática, respeitador do próximo e cultivador da hierarquia, valores que fizeram dele um sucessor natural da chefia do GFA Aposento da Moita.

5- Gostavas de deixar uma mensagem à família do Aposento da Moita?
A mensagem que gostava de deixar já a tenho deixado ao longo do meu percurso como cabo, mas nunca é demais frisar a minha ideia e aquilo que transmiti ao grupo.

Aquilo que considero ser importante para um futuro saudável do GFA Aposento da Moita é que se unam todos no mesmo sentido, que percorram todos o caminho escolhido pelo cabo, unam a família GFAAM, pois esta é uma família muito forte e bonita, mas só tem força quando está unida. É fulcral que a família do GFAAM seja uma só e não esteja dividida em vários “clãs”.

Aquilo que queria dizer também a todos os ex-elementos do grupo é que se sejam mais assíduos nas corridas, jantares, eventos e dia-a-dia do grupo, pois não existe maneira de explicar a satisfação que vejo e via na cara dos “meus” elementos cada vez que viam chegar um ex-elemento do grupo, desejosos de ouvir as suas histórias nos jantares.
A minha mensagem pode resumir-se numa palavra, que penso ser a palavra de ordem actual: “UNIÃO!”.

Sem comentários: