terça-feira, 25 de setembro de 2018

Crónica da corrida da Feira da Moita 2018

A corrida de quinta feira nocturna da Moita é, por norma, o ponto alto da temporada do Aposento da Moita. Numa temporada em que (estranhamente) as oportunidades não têm sido muitas, esta seria uma (espécie de) prova de fogo.

A confiança entre os elementos do grupo era enorme e não estavam errados, pois a noite foi de triunfo.

Numa “Daniel do Nascimento” cheia (mas não esgotada), o cabo José Maria Bettencourt deu o exemplo e foi para a cara do primeiro “Passanha” da noite.
Começou o cite dando mais de meia praça ao oponente, citou com classe, autoritário a colocar o toiro consigo. Ao carregar a sorte, o toiro arrancou, humilhou e permitiu que o José Maria se fechasse à barbela, efectivando assim a primeira pega da noite.

Para a cara do segundo toiro foi escolhido o jovem Marcos Prata.
O “franzino” Marcos foi decidido e confiante para a cara do toiro que no momento da reunião parece ter feito um “estranho”, mas a vontade de lá ficar era imensa.
Fechou-se à córnea, aguentou ser arrastado pela arena, aguentou um forte derrote e manteve-se sempre agarrado à córnea do toiro, com o grupo a ajudar de forma eficaz. Estava assim consumada a primeira pega do Marcos com a jaqueta do Aposento da Moita, saindo no entanto lesionado.

Para fechar a primeira parte da corrida, havia o terceiro toiro para pegar, tendo sido escolhido o (já) experiente João Ventura.
O João foi com vontade de “despachar” a sorte e tentou ter o toiro com ele desde início. O toiro que parecia ter fixado o forcado, acabou por se desinteressar, tendo o João que voltar a captar a atenção do hastado. Depois de o conseguir, não houve sequer oportunidade para carregar, pois o toiro arrancou-se de pronto e a pega foi exemplarmente consumada à primeira tentativa.

O quarto toiro da noite foi pegado por Leonardo Mathias, forcado experiente, já com provas dadas e que esteve elegante no cite. Na primeira tentativa tentou fechar-se à barbela, mas o toiro veio de cara por baixo e dificultou a entrada dos ajudas, deixando o forcado da cara por terra. Na segunda tentativa, com o toiro noutros terrenos, o Leonardo entrou nos terrenos do toiro, conseguiu “sacar-se” exemplarmente, e agarrou-se para não mais sair. Consumou assim à segunda tentativa com boa ajuda de Manuel Mendes.

Para o quinto toiro, duas despedidas.
O excelente ajuda (um dos melhores dos últimos anos em praças lusas) Bernardo Cardoso decidiu que era chegada a hora da despedida e quis fazê-lo na cara de um toiro. Teve como parceiro, no adeus, outro grande ajuda do grupo, José Maria Ferreira “Zó”.
O Bernardo, que além de excelente ajuda foi também óptimo cernelheiro, citou em passo rápido, mas a mostrar-se bem ao toiro. Entrou-lhe nos terrenos, recuou pouco, mas fechou-se com uma vontade enorme. Boa a ajuda do José Maria Ferreira e do restante grupo. Um adeus com chave de ouro para ambos, que deram volta à arena com o cavaleiro.

O escolhido para executar a pega ao sexto toiro foi Martim Afonso Carvalho. Um forcado polivalente, que já tinha ajudado nos cinco toiros anteriores.
O Martim esteve bem no cite e mesmo tendo tropeçado ao recuar, conseguiu fechar-se à barbela do toiro que entrou com pata pelo grupo e que só foi parado nas terceiras ajudas.

Em sétimo lugar havia um novilho para pegar e o escolhido foi João Gomes. O João é pequeno, “franzino”, mas cheio de garra e já mostrou noutras ocasiões que é um forcado com quem se deve sempre contar.
Após uma primeira tentativa em que o novilho vai aos joelhos do forcado da cara e uma segunda onde os ajudas parecem não ter chegado a tempo, a pega acabou por ser consumada à terceira tentativa.

Nota final para Luís Fera, um “veterano” das arenas, que rabejou com mestria os 6 toiros e o novilho, sempre de sorriso no rosto, contagiando a bancada e também todo o grupo.

O grupo recebeu uma enorme ovação no fim da corrida.


João Bão