segunda-feira, 10 de junho de 2019

Crónica da Moita...por João Vasco Ventura

Apesar de já chegar com alguns dias de atraso, fruto de algum trabalho acumulado, foi com enorme satisfação que acatei o pedido de escrever a crónica da corrida da nossa terra, e são dias como o de 26 de Maio que nos enchem o coração de orgulho.

O curro de toiros da mítica ganadaria Palha adivinhava-se sério, com pesos compreendidos entre os 470 e os 580 kilos. No geral deram um bom jogo para as lides a cavalo, com especial destaque para o último e mais pesado da corrida (580 kilos), lidado por Luis Rouxinol Jr. proporcionando uma lide alegre e com emoção, chegando com força ao público que nesse dia preenchia cerca de ¾ de casa da Daniel do Nascimento.

No que diz respeito à parte de pegar toiros, foi uma tarde redonda para todos. Foram caras pelo nosso grupo o Cabo Leonardo Mathias, João Vasco Ventura e Martim Cosme Lopes. Todas as pegas foram efetuadas ao primeiro intento, com brio e mérito de cada um dos 8 elementos dentro de praça.
Para o primeiro toiro da nossa ordem, com 520 kilos, abriu praça o Cabo. Gesto enorme de valentia, de querer e de exemplo para com o resto do grupo. Citou sereno, com todos os tempos que uma verdadeira pega de caras exigem. Tive a felicidade de ser eu próprio a colocar o toiro, sendo que tal me permite escrever que desde o momento que o “Tato” colocou o barrete na cabeça, tive a certeza absoluta que seria uma pega cheia de alma. Citou, templou e mandou! O toiro arrancou franco, com pata, e após uma reunião perfeita com o forcado da cara, efetuou a viagem com a cara no ar. O grupo ajudou em bloco, como em todas as outras pegas, sendo que a nível pessoal, grande parte do mérito da corrida vai para eles.

Para o segundo toiro da corrida, com 500 kilos, o cabo delegou-me a responsabilidade de o pegar. Não irei falar sobre mim, mas sim sobre o grupo de 7 irmãos que foram comigo para a “batalha”. Com uma primeira ajuda de luxo por parte do Manuel Mendes, dois pilares como o António Ramalho e o Zé Maria Ribeiro da Costa, e uma “muralha da China” com o Bernardo Ortigão Costa, o Pedro Santiago e o Duarte Roxo, a pega resolveu-se logo na primeira tentativa. Realço ainda a experiência e segurança que um rabejador como o Luis Fera transmite, tornando tudo ainda mais fácil. O meu “Olé” para os 7.

Para o último touro da corrida, o mais pesado e sério, o cabo apostou. E apostou certo. Vindo recentemente de outro grupo, o Martim foi chamado à responsabilidade. Creio que não esperava, mas também sempre nos foi incutido que a partir do momento em que estamos fardados, temos de estar prontos para tudo. E o Martim provou que estava. Citou sereno, ganhando terreno ao toiro, prevendo uma reunião dura. E foi. Este arrancou a “mil à hora”, colocou a cara alta e juntamente com o Martim protagonizaram uma pega vistosa. Fugiu ao grupo, sendo ajudado de forma GIGANTE pelo Martim Afonso Carvalho, sendo que foi parado nas 3ªs ajudas, já junto às tábuas. Creio que não podia ter havido melhor estreia para o Martim com a jaqueta do Aposento da Moita, pelo que desejo que esta tenha sido a primeira de muitas pegas com o peso de 44 anos de história.

Deixo também uma palavra de apreço pelo grupo de Vila Franca, que teve o gesto de nos brindar o primeiro toiro deles, bem como pela excelente prestação que tiveram em praça, concretizando igualmente 3 pegas à primeira tentativa.

A celebração da corrida foi protagonizada numa casa que nos é muito querida. Jantar à “antiga” na Casa das Enguias, onde o Tó Manel nos acolheu de braços abertos.

Pelo Aposento da Moita vai acima, vai abaixo, vai ao meio....e bota abaixo!

João Vasco Ventura